sábado, 21 de janeiro de 2017

Tempo em constante mudança...

A vida é feita de batalhas, umas grandes, outras enormes, outras sem tanto valor, mas todas de uma importância vital para que consiga o equilíbrio na minha vida e perca um pouco o peso que acarreta esta minha existência.

Muitas foram as vezes que desejei poder viajar no tempo, de voltar aquela época em que não prestava atenção ao que tinha e que afinal tinha tudo o que precisava para ter uma vida satisfeita, porém o tempo não volta atrás, está constantemente em mudança e eu jamais voltarei a ser aquela pessoa que era antes de sofrer o AVC.

Houve momentos em que senti-me perdida e tive necessidade de reflectir para perceber o que seria melhor, de tempo comigo mesma, tempo esse que levou-me a uma solidão necessária, para poder descobrir-me e encontrar o caminho para onde devia dirigir-me, pensar no que queria e precisava para encetar a viagem que me conduziria a um futuro que fazia mais sentido nesta fase da minha vida.

Nunca me ausentei de mim, mas estive longe o suficiente de mim mesma, para compreender que precisava fortalecer-me, para voltar a ser a pessoa de carácter forte, que sempre fui, deixar ir o que me fazia mal e desapegar-me, porque vivi muito tempo apegada à minha vida passada, à conta disso, desiludi-me demasiadas vezes.


Continuo nesta existência para transformar a mudança, em algo bom, positivo, que me deu forças para continuar a lutar por uma vida melhor e mais sábia, para seguir em frente, contornando os obstáculos.


No entanto, eu não necessitava de voltar no tempo para me encontrar, eu estava aqui, mais forte que nunca, pois o que eu tinha era saudades de mim, não era saudades da vida que tinha, e tenho aprendido que não preciso de ter aquela vida de volta, porque estou aqui, pronta para viver plenamente, limitada, mas certamente viva e com tudo o que preciso!


Anabela Jerónimo Resende



sábado, 7 de janeiro de 2017

Sentir

Apesar de sentir este tempo muito frio, a ponto de enregelar os ossos, deixar-me inundada de espasticidade mais do que é costume, enfrentar o tempo invernoso sem receio e consciente de como poderia afectar o meu corpo meio debilitado e não tão forte como gostaria, e mesmo assim conseguir fazer o que pretendo, é despender de energias superiores às forças que possuo, no entanto tenho em atenção não valorizar demasiado os inconvenientes e as demais contrariedades que o meu corpo teima em manifestar .

Sentir o alvoroço que ainda existe dentro do meu peito, quando sou desorientada pelas sensações, quando certas emoções têm efeito sobre mim, muitas são as memórias que afloram à minha mente, não necessariamente agressivas ou provocadoras do tempo em que era muito mais ágil, têm um sabor agridoce ao recordar do que outrora era capacitada, no entanto não quer que seja mau, é apenas um ajustar de elementos precisos para que consiga voltar a ter novas experiências, que consiga voltar a ser capaz de fazer certas coisas doutro prisma.

Sentir a vida fluir em direcção ao seu percurso natural, deixar que siga o seu caminho normal, mesmo que de normalidade não possua nada, é o que tenho adaptado para a minha singela vida, de uns tempos a esta parte, e desejar encontrar perdida algures um pouco da harmonia que o meu ser necessita incessantemente.

Anabela Jerónimo Resende