Um dia, o mundo pareceu que iria acabar para mim, por
tudo o que aconteceu na minha vida, por tudo o que havia perdido, por tudo o
que estava a viver.
Mas o meu mundo não acabou e continuou a girar,
não da maneira que costumava ou como eu gostaria, mas logo percebi que teria
uma palavra a dizer como desejava que o meu mundo fosse dali para a frente.
Viver agarrada aquela situação de dependência
total que me afectava fisicamente e psicologicamente ou enfrentar de frente a
realidade de tudo o que me tinha acontecido, era uma escolha que só me competia
a mim.
Mudar o que me era permitido nesta situação,
decidir o que seria melhor para mim mesma e o que queria para a minha vida, foi
algo que decidi depressa, pois sentia necessidade de me livrar rapidamente daquela
dependência que me sufocava lentamente.
Nos primeiros tempos dediquei-me exclusivamente à
fisioterapia, queria conseguir fazer o máximo possível pelo meu corpo
fragilizado, queria fazer render o tempo que passava a reabilitar-me, mas mais
tarde comecei a perceber, e apesar de continuar empenhada na minha recuperação,
que a fisioterapia não era tudo.
O que precisava era sentir-me bem comigo mesma, era
tentar fazer pequenas coisas para depois conseguir fazer mais e quanto mais eu
me sentia capaz, melhor me sentia.
E quanto melhor eu me sentia, menos ansiosa ficava
e mais o meu mundo se modificava, novos horizontes se abriam e comecei a
encarar a vida de maneira mais calma, tanto o quanto seja possível para mim.
No meio de tudo isso houve muitos medos, muitas
lágrimas, muitas incertezas, ainda existem pequenos fantasmas que me querem
assombrar de vez em quando, mas eu expulso-os da minha cabeça.
E pretendo continuar
a encarar esta minha jornada da melhor maneira possível, e apesar das dificuldades
que possa encontrar no meu dia-a-dia, eu tenciono ser sempre forte o suficiente
para ultrapassa-las, porque o mundo continuará a girar mesmo que o meu mundo se
tenha alterado!
Anabela Jerónimo Resende
Anabela Jerónimo Resende