quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Vida Inquieta de viver

Continuo a viver inquieta dentro de mim, com as memórias passadas guardadas num canto, arrumadas como devem estar, com as memórias recentes mais intensas, a viver num turbilhão de emoções, por querer absorver tudo com uma rapidez, com um desassossego que faz o tempo ter intenção de fugir apressadamente.

Houve tempos em que persistia em mim a percepção de que tudo decorria bem, que a vida era como devia ser, que as escolhas que fazia, ou que simplesmente estavam diante de mim, eram as mais correctas, as que queria na minha vida, agora já não tenho a certeza, tanta foi a desilusão sofrida, o coração magoado e a alma repleta de feridas.


Cada passo que caminhei à procura de mim mesma, em busca da vida que me fugia a passos largos, reencontrei-me no lado oposto do que conhecia, num caminhar mais lento e hesitante reaprendi a viver doutra maneira, compreendi à força das circunstâncias, que a vida que possuía, não era a única forma de se viver, tracei um longo caminho para atingir esse conhecimento.  


Respiro a vida de tanto ansiar mais vida, guardada em mim, despojada de um sentir doentio, de um lugar-comum, quero mais, desejo mais, mais da vida que existe acondicionada em mim, que aprendi a autenticar, sem olhar para aquilo que me feria a alma de tanto desejar, sem olhar para trás.


Sou a única responsável da existência que habita em mim, que faz os meus dias valerem a pena, sem esperar nada de nenhum outro ser, sou a única que pode renascer a cada momento da minha vida!


Anabela Jerónimo Resende