Com a chegada de
mais um Outono, chegaram com ele os dias mais frios, próprios desta época outonal.
Para mim, foi a
chegada de muito mais do que apenas este tempo mais fresco, mais húmido, foi a
chegada de um tempo que o meu corpo ainda não decidiu se gosta ou não.
Tempo, esse que
traz novos desafios, novo sentir da sensibilidade, que nem sempre é agradável
de experimentar, contudo tenho que conviver bem de perto com todo esse mundo, por
vezes nem consigo desassociar-me por ser tão forte o que sinto, é imensamente
difícil de descrever a alguém que não sente o mesmo que eu, nem encontrar as
palavras certas para o fazer.
Tento não pensar
muito no que este tempo poderá fazer ao meu corpo, nem como irá reagir, pois
cada Outono que passei com as sequelas é diferente, por isso acaba por ser uma
tentativa em vão, muitas das vezes.
Confesso que é o
que mais me custa neste processo de recuperação, muito mais do que com as
sequelas motoras bem visíveis, pois com o tempo aprendi a conviver
relativamente bem com elas, nesta fase da minha vida.
Agora andar
sempre à mercê do tempo, é algo duma dificuldade enorme, que acarreta em mim mudanças
tão grandes que é necessário vários ajustamentos feitos por mim, só que muitas vezes
não os consigo fazer, por causa das mudanças repentinas do próprio tempo, que não
me ajudam em nada.
É assim a minha
vida, cheia de surpresas, nada agradáveis nem bem-vindas, mas que de
momento não consigo fazer muito em relação a isso, pois basta algo tão banal
como um toque num braço, a brisa no meu rosto ou mesmo os balanços do carro
para ficar toda cheia de um formigueiro irritante pelo corpo todo.
Nem sempre é
fácil viver diariamente concentrada nos objectivos que propus a mim própria, nem encontrar um equilíbrio para a minha vida, quando passo por uma fase bastante complicada para mim.
Anabela Jerónimo Resende