terça-feira, 13 de outubro de 2020

Cirurgia cancelada

Depois de comparecer às consultas propostas pelo Centro Hospitalar de São Francisco, na cidade de Leiria após ter aceite o Vale Cirurgia e de estar já à espera de ser chamada para a cirurgia, que iria dar-me uma melhor qualidade de vida, que iria acabar de vez com as dores fortes que sinto na minha mão esquerda, chegou o momento daquilo que não queria pensar que pudesse acontecer comigo.

Foi feito um pedido ao Centro Hospitalar de São Bernardo, hospital de origem do meu processo, para autorizar finalmente a operação, contudo devido a incompatibilidade de opiniões, o médico que avaliou o meu estado clínico e que chegou à conclusão que precisava de ser operada na minha área de residência, não concorda com o médico que iria operar a artrose da minha mão esquerda, pois têm ideias contrárias de como deveria ser feita a operação e foi negada.

Agora o que acontece, é que em consequência dessa decisão, fui informada pelo Hospital de São Francisco, que o meu processo foi cancelado e vai ser remetido ao Hospital do Outão para iniciar tudo de novo.

Entretanto, informei-me sobre o que iria acontecer daqui para a frente em relação a ter de ser operada e o que me foi informado é que vou receber outro Vale de Cirurgia, para começar um novo processo, escolher um diferente hospital, ir a outras consultas e fazer novos exames.

Enquanto isso, eu vou continuar com dores, que cada vez são mais fortes, sem saber quando o processo vai acabar.

Anabela Jerónimo Resende

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Continuação

A minha última consulta antes da operação já foi efectuada e desta vez estive com o médico designado para me operar.

O Dr. foi muito atencioso, explicou-me o que iria fazer, como seria o processo, qual seria o tempo de recuperação e esclareceu algumas dúvidas que tinha.
De tudo o que disse, o que me deixou mais apreen
siva foi o tempo de recuperação, que pode ser mais longo do que o tempo que me foi dito inicialmente.

Numa primeira fase, poderei ficar até 3 meses com o polegar imobilizado com uma tala e começar a introduzir a fisioterapia , e numa segunda fase será preciso 3 a 6 meses para continuar a fazer a fisioterapia e ficar totalmente bem.

Ao assimilar toda a informação, continuo na mesma optimista de que tudo correrá pelo melhor e como cada vez são mais as dores que tenho, é chegada a hora de dar fim à malvada artrose.

O que é quase uma certeza, é que daqui a 2 ou no máximo 4 semanas estarei a ser operada, para dar como concluída esta fase, chegando depois a fase mais complicada do processo que será a recuperação.

Mas continuo a pensar, se tenho que ser operada, que seja o mais rápido possível, que com a fase de recuperação, logo vou encontrar a melhor maneira de ultrapassar as partes menos boa, quando chegar a hora. 

Anabela Jerónimo Resende

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

#2 Carta para o meu neto


O dia 31 de Agosto é e será um dia especial para mim, pois foi o dia do teu nascimento.


#2 Carta para o meu neto


Hoje é o dia teu dia. O dia em que fazes 2 anos. Será sempre e para sempre o teu dia.

Continua a parecer que foi ontem que vieste a este mundo, para invadires o meu coração de uma felicidade tamanha e me transformares numa avó profundamente orgulhosa do seu neto.

As memórias levam-me sempre de volta ao teu primeiro dia, ao momento que soube do teu nascimento, ao momento que te vi a primeira vez, ao momento em que te peguei ao colo pela primeira vez, ainda com o rostinho todo enrugado e ao momento em que senti uma felicidade que só tu soubeste dar-me.

Ser tua avó e observar-te a crescer continua a ser uma dádiva e uma aventura, pois continuas a ser uma criança tão alegre, tão amorosa, tão traquinas e tão cheia de vida.

Continuas a ser o neto que sempre sonhei, quero continuar a mimar-te e a contribuir para que sejas um menino sempre feliz, pois continuas a fazer de mim a avó mais afortunada do mundo e a mais feliz também.

Anabela Jerónimo Resende


Início do processo

Existem coisas que estão fora do meu controlo, apesar de eu saber que este dia estava para acontecer.

Hoje foi a primeira consulta no hospital escolhido por mim, para serem realizados os procedimentos para ser finalmente operada a uma artrose no polegar da minha mão esquerda, ou seja da única mão que tenho operacional.
Não foi uma decisão tomada de ânimo leve, mas uma decisão com todos os prós e contra analisados ao pormenor.

Ao ser operada ficarei imobilizada da minha mão esquerda 2 a 4 semanas se o prognóstico for o que é esperado, se correr tudo dentro do prazo estipulado e tiver uma boa recuperação, como estou a contar que tenha.
No entanto, tudo pode acontecer, e não será nada fácil ficar totalmente dependente, visto ter a mobilidade da mão direita nula, nem que seja por pouco tempo, mas tenho andado a preparar-me psicologicamente.

Dentro de 1 ou 2 meses já estarei operada, mas antes ainda tenho exames para serem realizados, consultas a que devo ir, e também terei que fazer o teste ao covid 19, indispensável hoje em dia.

Contudo estou pronta a vencer mais uma batalha na minha vida, que não estou nesta vida para passar férias, mas sim para mostrar à vida que sou resistente e que consigo aguentar mais um desafio à minha sanidade mental.


Anabela Jerónimo Resende






sexta-feira, 12 de junho de 2020

Bem-vindos 52 Anos

Foi no dia 12 de junho, há 52 anos, o dia em que nasci, o dia em que começou a minha história, dividida em tantas outras histórias.

Nestes 52 anos fui menina e mulher, filha e irmã, esposa e mãe, e mais recentemente fui avó.

São 52 anos de emoções fortes e momentos variados, com muitos risos e algumas tristezas.

São 52 anos de ilusões e desilusões, de avanços e recuos, de aprendizagem e crescimento.

São 52 anos de histórias, de lutas internas, de aprendizagens e de sobrevivência.

São 52 anos e ainda tenho tanto para viver e uma mão-cheia de sonhos para realizar.

@anabelajresende
@cronicasdeumasobrevivente


Anabela Jerónimo Resende

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Determinação

Continuo na luta pela minha recuperação física, para que o meu corpo consiga a conexão que precisa entre todos os elementos, uma tarefa muito complexa de conseguir, mas necessária para que consiga me fortalecer.

O que me resta e o que não me limita é ser determinada como sempre, ter uma enorme vontade de batalhar e ter energia suficiente para seguir o caminho certo para mim.

@anabelajresende
@cronicasdeumasobrevivente

Anabela Jerónimo Resende

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Combinação improvável


Uma sessão de fisioterapia em que faço os exercícios e aparento estar toda compactada, de tão “colada” que estou entre o tronco, as costelas, a cintura e as ancas, e a juntar a esse conjunto de compactados, ainda tenho de lidar com os tendões que parecem ter encolhido todos hoje e uma tremenda falta de força na minha perna direita.

Esse é o resultado de estar 2 meses sem fisioterapia, devido ao confinamento, agora é trabalhar para que consiga reduzir o prejuízo, no entanto, para isso é preciso haver energia e boa disposição para enfrentar esta nova fase de recomeçar, não do começo, mas com muitos condicionantes.

E estar de máscara, com o tempo abafado que estava hoje e com o esforço que tinha de fazer para executar os exercícios o melhor que o meu corpo conseguia, sentia começar a suar do "bigode" como alguém me disse um dia destes, e que eu pensava não ser capaz, usar máscara nesta altura do ano e fazer exercícios ao mesmo tempo, não está muito fácil.

@anabelajresende
@cronicasdeumasobrevivente

Anabela Jerónimo Resende


quarta-feira, 13 de maio de 2020

A normalidade anormal

O início do Estado de Calamidade, deu lugar a um descofinamento gradual, a uma nova normalidade anormal e que exigiu de todas as pessoas novos hábitos e até outra maneira de pensar.

Hoje foi o dia de eu começar a minha sessão de fisioterapia semanal, depois de estar exactamente 2 meses sem a fazer, com regras, métodos e normas de seguranças para os utentes e fisioterapeutas, que os novos tempos exigem de todos.

Tenho de usar máscara todo o tempo em que estou na clínica, inclusive enquanto faço fisioterapia, não tive que fazer pausas por estar a usar a máscara, pois não senti necessidade, nem tive dificuldades em respirar enquanto me esforçava para fazer os exercícios, o que já foi muito bom.  

Depois de tanto tempo sem fazer fisioterapia, de estar tanto tempo confinada em casa devido ao covid-19, e ainda por sua vez devido ao tempo chuvoso que estava hoje, o meu lado direito do meu corpo está com um formigueiro excessivo como há muito tempo não experimentava.

Tudo é uma aprendizagem, e é exactamente como eu encaro tudo aquilo em que me vejo envolvida, como pessoa optimista que sou, tanto faz se é decidido por mim ou se é por vontade do destino.

@anabelajresende
@cronicasdeumasobrevivente

Anabela Jerónimo Resende

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Insistir e não desistir

Mais uma semana de confinamento, perfaço assim 29 dias de afastamento social voluntário, cada dia que passa aparenta ser mais obrigatório, para ajudar esta pandemia a acabar o mais rapidamente possível.

Já passei por um período mais confinado em casa, dessa vez foi devido a um AVC Hemorrágico, que me debilitou muito fisicamente, e não foram meses, foram anos, em que tive de me encontrar de novo e sozinha, mesmo estando rodeada de pessoas, mas esse tempo passou.

Hoje encontro-me confinada de novo, só com a companhia do meu marido,  muitas vezes sozinha, mas, no entanto, sinto-me mais perto de todos, porque não é uma causa só minha, é uma causa de todos, de todo o mundo.

É por isso que é muito importante não desistirmos do nosso dever de manter-nos em casa, de ajudar quem está a lutar para conter o covid19, eu sei o quanto é difícil não sair, o quanto é difícil passar esta Páscoa sem a família reunida, mas tenho consciência que só fazendo a minha parte, posso passar por esta provação, para “amanhã” retornar à vida normalizada, o quanto for possível.

Fiquem em casa, não caem em tentação, porque um instante, pode custar uma vida.

Anabela Jerónimo Resende

terça-feira, 31 de março de 2020

Dia Nacional do Doente com AVC

Quando sofri o AVC Hemorrágico fiquei com muitas sequelas, pensei que a minha vida tinha acabado, contudo ultrapassei não só o que sentia, como tenho tido uma favorável recuperação, difícil, mas gratificante, longa, mas compensatória.

Muitas coisas mudaram na minha vida, nunca mais voltarei a ser a mesma, no entanto o que mais conta, é que sou uma sobrevivente de AVC, que ultrapassou muitas etapas, algumas muito dolorosas, mas muito mais consciente do que me rodeia, e aprendi que é possível viver em harmonia comigo e que tenho uma incapacidade infinita de me adaptar a esta maneira de viver.

@anabelajresende
@cronicasdeumasobrevivente

Anabela Jerónimo Resende



sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

A vida continua...

A partir do momento em que fiquei com os meus movimentos todos comprometidos, encetei uma luta contra as sequelas, que tem sido extremamente exaustivo fisicamente e muito extenuante a nível psicológico.

Mesmo assim tem sido um percurso que tem valido a pena, e conseguir estar como me encontro actualmente é uma vitória para mim, tanto fisicamente, como psicologicamente.

Anabela Jerónimo Resende

sábado, 15 de fevereiro de 2020

Continuar em frente


Quando fui ao fundo do poço, fiz de tudo para emergir para uma outra vida, foi muito difícil conseguir o equilíbrio que precisava, no entanto encontrei, depois senti-me pronta para continuar a caminhar neste percurso totalmente desconhecido.

Entreguei desde o primeiro minuto, o máximo de mim em todas as terapias que tenho feito, sempre com a coragem, a força e a determinação a comandar, pois seguir em frente sempre foi fundamental para mim.

Quando percebo que o único propósito que se tem é menosprezar o que os outros fazem, o esforço, a dedicação que se tem, que pensam que esta é uma luta fácil e que tentam desvalorizar o caminho que tenho percorrido só porque tenho uma recuperação mais lenta e tudo para se sentirem melhor, deixa-me triste, revoltada e ainda com mais vontade de fazer o que pensam que não sou capaz.

Porque não me conhecem de todo, não tenho nada a provar seja a quem for, só tenho de prestar contas a mim mesma, mas deixa-me muito satisfeita ir contra as ideias pré-concebidas e muitas vezes preconceituosas.

Anabela Jerónimo Resende

domingo, 12 de janeiro de 2020

7 Anos após AVC

O dia 12 de Janeiro será um dia que nunca esquecerei, será o dia que me mostrou o outro lado da vida, que viverá sempre ligado ao meu percurso, que fará parte da minha história continuamente, pois foi nesse dia, que a minha vida quase terminou, devido a um AVC Hemorrágico e que me deixou sequelas para nunca mais esquecer.

Durante os 7 anos que passaram, muitos foram os momentos de dor, de lágrimas, de desânimo, de frustrações, de continuada transformação e também de permanente adaptação e foi igualmente tempo de compreender que todos esses momentos dolorosos, serviu para tornar-me numa pessoa mais forte, sem medo de seguir em frente, de enfrentar todos os obstáculos que ainda estão para chegar.

Tem sido um tempo de muita aprendizagem, aprendi que a vida não espera, aprendi que nada do que pensava ter, posso chamar de meu, nem mesmo a minha vida, aprendi com o tempo, aos poucos a curar as feridas interiores e tenho aprendido a viver a vida de outra maneira.
 
O dia 12 de Janeiro será para mim sempre um dia de muitas emoções, será sempre aquele dia em que a minha vida se transformou para sempre e que apesar de ter enfrentado um caminho muito conturbado e nem sempre fácil, tem sido cheio de experiências profundas e hoje sou uma sobrevivente com coragem, cheia de força e muita determinação, com muita vontade de continuar a lutar e de vencer cada etapa!

E de agradecer a todas as pessoas que têm sido indispensáveis neste meu percurso, principalmente à vida, por me ter dado outra oportunidade de puder contar a minha história na primeira pessoa.

Anabela Jerónimo Resende