Entre instantes, caminho através de irregularidades, muitas vezes visíveis só aos meus olhos…
Caminhos onde residem sonhos inacabados, onde os desejos são uma constante…
Por vias quantas vezes frustradas, por colmatar um vazio forçado…
Ser convicta do caminho desamparado, onde sigo por vezes solitária…
Há deriva em tantas ocasiões, no longo curso da vida…
Tantas são as vezes que procuro por mim mesma, por carecer encontrar-me...
A desejar continuadamente, manter a essência da alma…
Ser consciente das mudanças, que se alteraram no ser de quem vive aprisionada…
Tanto fisicamente como psicologicamente!
Anabela Jerónimo Resende
Presentemente, estou aqui para prosseguir a minha luta, hesitante por um lado, porém com firmeza por outro. Nem sempre estou confiante, nem sempre estou desiludida, no entanto sou sempre eu mesma!
terça-feira, 27 de junho de 2017
sexta-feira, 23 de junho de 2017
Sensações ilusórias!
Quando sofri o AVC, fiquei completamente paralisada de um lado, o
meu corpo nem aguentava ficar sentado, caía logo para o lado direito, tinha a
percepção de estar num sonho, que mais parecia ser um pesadelo, porém era um
pesadelo em que nada sentia fisicamente, tal era a ausência do lado direito do
meu corpo, afectado pela paralisia nessa altura.
Com o tempo fui capaz de manter o meu corpo direito, consegui
dar uns passos, fui conquistando o impensável, aos poucos, muito devagarinho,
cada vez estava mais confiante de alcançar uma maior autonomia.
Quando atingi quase um ano de luta diária e intensa, o meu corpo
começou a dar sinal de principiar a acordar, fiquei muito feliz nessa altura,
no entanto trouxe outro estágio de desafio constante à minha existência, muito maior
e que nunca imaginei ser possível.
Sentia tudo mais exacerbado,
sentia o que não era real, no entanto o meu cérebro entendia como normal,
começou a fazer parte do meu dia-a-dia, em todas as horas, por vezes com quietude,
outras vezes numa explosão de sensibilidade, que me levava numa espiral de
sensações muito difíceis de explicar e ainda mais de sentir.
Os meus dias, passaram a ser diferentes em cada dia, passou a
não existir um único dia igual a outro, após aquele período, nem sei até quando ou
até se viverei assim o resto da minha vida, tudo depende de como o meu cérebro for
assimilando e encontrando o respectivo lugar correspondente de cada sensação.
Entretanto tive que encontrar estratégias que não fizessem a
minha mente definhar ou que acabasse por levar-me a uma insanidade forçada pelo
que sentia, tentar continuar a viver uma realidade, bem diferente da que um dia
vivi, de viver à superfície da realidade ilusória que vive dentro de mim.
Desde a dormência sempre existente no meu lado lesado, mais
suave ou demasiadamente desconfortável, ao frio constante que ainda sinto, seja
inverno ou verão, ao caminhar moderadamente bem, de repente sentir que caminho
por cima de facas ou por cima de vidros, de sentir no meu meio corpo, ser
consumida por chamas invisíveis, lançada dentro de água com blocos de gelo, ser
trespassada por farpas geladas ou ser devorada por insectos, entre outros
devaneios, constantemente todos os segundos.
A minha vida agora é repleta de emoções ilusórias, transformando
a minha existência naquilo que poucas pessoas sabem o que é, vivendo um dia de
cada vez, desejando que o próximo dia leve para longe as sensações bem reais e existentes, que estão agora constantemente gravadas em mim.
Continuar a conseguir combater uma luta ingrata, mesmo sem sair
vencedora, mostrando que vale a pena a vida mesmo assim e sorrir para a vida, é uma constante para mim!
Anabela Jerónimo Resende
quarta-feira, 21 de junho de 2017
Unidas para Superar
Dificilmente, esquecerei o que fui, o que sou ou o que serei um
dia, assim como eu, existem guerreiras de uma luta idêntica, que não irão esquecer,
temos em comum um mundo novo, muitas esperanças e novas amizades.
Igualmente como eu, procuram insistentemente adaptar-se a esta nova realidade, que nem sempre é fácil, pois muitos momentos são dolorosos, em que desejam encontrar novas alegrias nesta existência muito distinta de antigamente.
No entanto temos em comum o contentamento e a vontade de viver, consigo sentir a grande força de viver intensamente que emana de cada uma,também a tenho a pulsar dentro de mim, é grandiosa a energia que advém de cada uma, sempre com uma palavra amiga e de conforto, umas pelos outras, com abraços de gratidão por viver mais um dia.
Viver uma existência repleta de lembranças, agora já distantes, é uma grande realidade, uma constante, no entanto nós, sobreviventes de AVC, somos cheias de coragem, de determinação e de uma grande vontade de viver, imensa, que sentimos a transbordar em toda a extensão de nós.
Aprendemos juntas ao partilharmos histórias, valorizamos o que somos individualmente, todas temos o que ensinar, juntas crescemos interiormente, com experiências muito próprias, a viver o aqui e agora!
Anabela Jerónimo Resende
Igualmente como eu, procuram insistentemente adaptar-se a esta nova realidade, que nem sempre é fácil, pois muitos momentos são dolorosos, em que desejam encontrar novas alegrias nesta existência muito distinta de antigamente.
No entanto temos em comum o contentamento e a vontade de viver, consigo sentir a grande força de viver intensamente que emana de cada uma,também a tenho a pulsar dentro de mim, é grandiosa a energia que advém de cada uma, sempre com uma palavra amiga e de conforto, umas pelos outras, com abraços de gratidão por viver mais um dia.
Viver uma existência repleta de lembranças, agora já distantes, é uma grande realidade, uma constante, no entanto nós, sobreviventes de AVC, somos cheias de coragem, de determinação e de uma grande vontade de viver, imensa, que sentimos a transbordar em toda a extensão de nós.
Aprendemos juntas ao partilharmos histórias, valorizamos o que somos individualmente, todas temos o que ensinar, juntas crescemos interiormente, com experiências muito próprias, a viver o aqui e agora!
Anabela Jerónimo Resende
quinta-feira, 15 de junho de 2017
Existência inquieta...
Vivo momentos mergulhada numa fenda existente dentro de mim, de fora sou
aparentemente normal, somente marcada pelas sequelas existentes no meu corpo,
no entanto tão estigmatizada por dentro, bem no interior de mim.
Mesmo nos dias raiados de sol em que vivo envolta, persiste uma
fissura que não tem um fim à vista, uma penumbra que pretendo fragmentar e não
consigo, não por faltar-me a coragem e as forças, porque simplesmente assim
acontece.
Neste vazio que o AVC trouxe ao meu cérebro, de tão difícil
substituição, em que a minha vontade só não conta, nem tem a preferência por
acontecimentos de tamanha simplicidade.
A insistência que vive em mim, que nada chega para satisfazer
esta minha existência, que procura sem tréguas algum alívio do que se perdeu no
meu cérebro, que possa revezar e acalmar a opressão que vive dentro de mim.
Desejo e necessito de quietude, de tudo mais tranquilo ao meu
redor, para que encontre a minha serenidade que foi perdida, e que necessito urgentemente,
mas ao mesmo tempo não consigo prescindir do turbilhão que envolve a minha
vida, por fazer sentir-me mais viva.
No entanto a vontade de viver, de seguir em direcção ao sucesso,
que só eu posso encontrar, é constante em mim, pois perdura essa necessidade
que chega a ferir o meu peito de tão desejada, de tão saudada.
Anabela Jerónimo Resende
Anabela Jerónimo Resende
sexta-feira, 9 de junho de 2017
Ir passando do sonho há realidade!
O passar do sonho para a realidade, mesmo que essa realidade,
possua agora contornos mais prudentes, seja tudo mais cauteloso do que outrora,
mesmo assim a sensação de moderadamente, muito mansamente, sentir a
independência a acercar-se, é grandemente compensador, cedendo os tempos muito
difíceis, a tempos muito desejados.
Fazer pequenos passeios sozinha, com um passo moderado, cauteloso para não correr o risco de cair ou tropeçar, sempre atenta para eventuais percalços, em oposto às grandes caminhadas de outrora, de passo acelerado, sem barreiras e sem cuidados específicos, é agora uma realidade.
Talvez não volte a possuir o passo veloz, que um dia fui detentora, no entanto possuo a coragem de enfrentar os passos lentos, tudo é diferente agora, qualquer conquista é motivo de festejos, só o caminhar, mesmo que moderados metros, é motivo de alegria sem igual.
Não sou motivada pelo tempo, porém sou determinada pela conquista, não importa o que demora, interessa sim, alcançar o ambicionado, o importante é ter a coragem de seguir e lutar por um sentido de vida, pelo que acredito, por aquilo que desejo!
Anabela Jerónimo Resende
Fazer pequenos passeios sozinha, com um passo moderado, cauteloso para não correr o risco de cair ou tropeçar, sempre atenta para eventuais percalços, em oposto às grandes caminhadas de outrora, de passo acelerado, sem barreiras e sem cuidados específicos, é agora uma realidade.
Talvez não volte a possuir o passo veloz, que um dia fui detentora, no entanto possuo a coragem de enfrentar os passos lentos, tudo é diferente agora, qualquer conquista é motivo de festejos, só o caminhar, mesmo que moderados metros, é motivo de alegria sem igual.
Não sou motivada pelo tempo, porém sou determinada pela conquista, não importa o que demora, interessa sim, alcançar o ambicionado, o importante é ter a coragem de seguir e lutar por um sentido de vida, pelo que acredito, por aquilo que desejo!
Anabela Jerónimo Resende
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