quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

1º Natal do meu neto


Eu gosto do Natal, é uma época que sempre gostei, devido ao efeito que causa nas pessoas, das ruas coloridas com as variadas luzes por todo o lado e toda a magia que envolve esses dias.

No entanto este Natal teve um sabor diferente, foi muito mais rico, não de bens materiais, nem devido a tudo o que proporciona a magia envolvente.

Mas devido a ser o primeiro Natal do meu neto, que trouxe alegria e fazendo esse Natal ser especial, só por estar presente.

Apesar de o meu neto ainda não saber o significado de tudo o que o envolve, é capaz de envolver todos num sentimento de felicidade contagiante e dar um novo sentido ao Natal, sendo o centro das atenções e do carinho de toda a família.

Anabela Jerónimo Resende

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Almoço de Natal da Clínica Saudis


O Almoço de Natal organizado pela Clinica Saúdis, que já faz parte do meu Natal há alguns anos, foi como sempre muito bom, agradável e divertido.

Fazer parte deste grupo que adere a este almoço de Natal, onde se reúnem utentes, familiares e fisioterapeutas, onde existe sempre um convívio saudável e onde a alegria é contagiante, deixa sempre boas recordações.

Os motivos que me levaram a participar deste almoço, não foram os melhores, no entanto são motivos suficientes para estar feliz e continuar a ter vontade de participar repetidamente neste almoço de Natal.

Que venham muitos mais almoços de Natal!

Anabela Jerónimo Resende













sábado, 24 de novembro de 2018

O lado certo do avesso

Pensar que a minha vida está virada do avesso é um sentimento antigo, sentir que o avesso é o lado certo é um sentimento de sempre, que só há algum tempo entendi o significado, foi preciso passar por um processo de transformação interior para compreender a importância desses sentimentos.

Aqui fica um pequeno texto que escrevi algum tempo após sofrer o AVC.

Fazer um tratamento às sequelas de AVC…
É ir além da dor.
É tentar transpor uma barreira invisível.
É sentir o corpo doente gritar a pedir de ajuda.
É tentar libertar-me das amarras invisíveis que me prendem.
É tentar libertar-me dos medos que guardo dentro de mim.
É ter sentimentos contraditórios.
É procurar ser aquilo que outrora fui.
É sentir que tenho um motivo para avançar.
É estar sempre disponível para encarar o que vier.
É necessário acreditar que coisas boas ainda estão para chegar.
É pensar que a minha vida está virada do avesso.
No entanto sinto que o avesso é o lado certo.

7/6/2015

Continua um texto actual, porque em certa medida sinto-me assim, não é um sentimento doloroso ou inequívoco, no entanto sinto que tenho mais consciência de tudo o que me envolve agora e com significativas melhoras tanto a nível psicológico como a nível físico.

Anabela Jerónimo Resende

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Portugal AVC – Juntos para Superar


A máxima de quem assistiu a um, já assistiu a todos, não se aplica aos Encontros da Portugal AVC, porque cada um, é único e memorável, pois cada Encontro transmite sentimentos variados e diferentes emoções a cada participante.

Na cidade de Guimarães, foi mais uma tarde de usufruir de momentos de partilha sempre compensadores, ouvir palestras que enriquecem com informação valiosa.



Em especialmente com histórias de vida contadas na primeira pessoa, cheias de emoção, de transformação, de adaptação a uma nova vida, com sofrimento, mas repletas de uma determinação enorme de vencer.

Foi uma tarde para rever amigos e conhecer pessoas especiais de uma coragem enorme, que lutam para viver condignamente com as dificuldades impostas, sempre com sorrisos, com uma alegria contagiante num convívio muito saudável.

É mais um Encontro Portugal AVC que fica na memória de quem esteve presente, que sentiu a boa energia patente em cada Sobrevivente.

Porque Juntos para Superar somos mais fortes.

Anabela Jerónimo Resende















quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Falar…


Falar sobre a minha experiência pessoal perante tantas pessoas é sempre emotivo e nem sempre escolho as palavras perfeitas para serem ditas, mas é sempre emocional de qualquer maneira e sou eu sempre nessas mesmas palavras.

Não escolher as palavras perfeitas para dizer ou simplesmente não conseguir falá-las, é comigo mesma, não vale a pena ensaiar que na hora certa sai tudo oposto ao que pretendo.

Fico sempre aquém do que gostaria de dizer, não porque quero, mas porque sou emotiva demais e porque assim acontece agora. 

É mais uma batalha que luto diariamente...

Falar pouco não é comigo, diz quem me conhece bem e convive comigo diariamente ou quase, pois falar de maneira informal é tão fácil, mas não é um modo fácil de falar com qualquer pessoa.

Anabela Jerónimo Resende




segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Desafio atrás de desafio


Com a chegada de mais um Outono, chegaram com ele os dias mais frios, próprios desta época outonal.

Para mim, foi a chegada de muito mais do que apenas este tempo mais fresco, mais húmido, foi a chegada de um tempo que o meu corpo ainda não decidiu se gosta ou não.

Tempo, esse que traz novos desafios, novo sentir da sensibilidade, que nem sempre é agradável de experimentar, contudo tenho que conviver bem de perto com todo esse mundo, por vezes nem consigo desassociar-me por ser tão forte o que sinto, é imensamente difícil de descrever a alguém que não sente o mesmo que eu, nem encontrar as palavras certas para o fazer.

Tento não pensar muito no que este tempo poderá fazer ao meu corpo, nem como irá reagir, pois cada Outono que passei com as sequelas é diferente, por isso acaba por ser uma tentativa em vão, muitas das vezes.

Confesso que é o que mais me custa neste processo de recuperação, muito mais do que com as sequelas motoras bem visíveis, pois com o tempo aprendi a conviver relativamente bem com elas, nesta fase da minha vida.

Agora andar sempre à mercê do tempo, é algo duma dificuldade enorme, que acarreta em mim mudanças tão grandes que é necessário vários ajustamentos feitos por mim, só que muitas vezes não os consigo fazer, por causa das mudanças repentinas do próprio tempo, que não me ajudam em nada.

É assim a minha vida, cheia de surpresas, nada agradáveis nem bem-vindas, mas que de momento não consigo fazer muito em relação a isso, pois basta algo tão banal como um toque num braço, a brisa no meu rosto ou mesmo os balanços do carro para ficar toda cheia de um formigueiro irritante pelo corpo todo.

Nem sempre é fácil viver diariamente concentrada nos objectivos que propus a mim própria, nem encontrar um equilíbrio para a minha vida, quando passo por uma fase bastante complicada para mim. 

Anabela Jerónimo Resende


sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Passo a passo…

Depois de quase 6 anos, subi pela primeira vez para uma bicicleta, apesar de sentir alguma insegurança, não me deixei paralisar pelo receio de não conseguir, aceitei o desafio das fisioterapeutas e com a ajuda delas, consegui.

Transformando, algo que pensava estar longe do meu alcance de momento, para algo que passou a ser relativamente de uma facilidade que me impressionou, uma pessoa que sofreu uma lesão como a que eu sofri, compreende perfeitamente o que senti antes e depois.

Antes, senti um misto de sensações com receio à mistura, interrogações interiores se seria capaz de conseguir, querendo mostrar por fora uma confiança que me apertava por dentro e cheia de inseguranças, mas confiando nas pessoas que estavam comigo, as fisioterapeutas  ajudaram-me a ultrapassar mais um obstáculo rumo há minha recuperação.

Depois, senti uma alegria imensa invadir o meu peito, de que valeu a pena enfrentar mais um desafio, que a muita dificuldade inicial sentida evaporou-se e de que a confiança que deposito nas pessoas que me ajudam é uma mais-valia para mim.

Mais um desafio superado, por agora, que estou perfeitamente conscientes que nem tudo são facilidades, porque ainda vivo momentos imobilizadores, que fogem completamente ao meu auto-controle.

Anabela Jerónimo Resende

domingo, 23 de setembro de 2018

Portugal AVC – Grande Orgulho


23 de Setembro de 2016, dia em que nasceu a Portugal AVC.

2 anos se passaram de enorme dedicação a um grandioso projecto e que enche de satisfação quem a ele se dedica voluntariamente.

Primando sempre pela crescente ajuda mútua em prol dos sobreviventes de AVC e tentando minimizar as complicações que encontram pelo caminho.

É um grande orgulho fazer parte da grande “família” Portugal AVC e que continue a crescer cada vez mais, prestando cada vez mais ajuda a quem mais precisa.

Muitos parabéns Portugal AVC
https://www.portugalavc.pt/

Anabela Jerónimo Resende

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Contradições


Disseram-me que parecia que andava de maneira pior agora do que algum tempo atrás, às vezes também tenho essa percepção, porque quero andar melhor e não consigo, como se ficasse bloqueada, no entanto é uma faca de dois gumes, nem tudo é o que parece.

Ao contar a uma das fisioterapeutas que trabalha comigo e há imenso tempo, disse-me que contradizia com o que constatava na sessão de fisioterapia, que demonstro mais força na perna e no pé, que já não puxo tanto pelo quadrado lombar, começando a iniciar o passo levantando o calcanhar, flectindo o joelho e que o meu pé já não arrasta tanto, ajudando o passo a ser mais normalizado e que afinal é para isso que trabalho há imenso tempo, para andar o mais normal possível.

Ora aí está, eu também sinto que vivo numa contradição, eu sei que a minha fisioterapeuta tem muita razão, comprovei ao fazer os exercícios mais detalhadamente, que era assim.

Ando melhor, com um passo mais normal, contudo estou a ter dificuldades a andar numa marcha um pouco mais rápida e principalmente que seja mais firme e sólida na rua, nem estou a conseguir perceber o que me bloqueia nesse sentido, porque na minha casa desloco-me sem dificuldades algumas.

É grande o meu desejo de conseguir desbloquear o meu cérebro, no sentido de melhorar a minha marcha.

Anabela Jerónimo Resende


sábado, 8 de setembro de 2018

Grata ontem, hoje e sempre


Dia 8 de Setembro, Dia Mundial da Fisioterapia.

Todos os dias, são dias de agradecer aos excelentes fisioterapeutas que caminharam comigo nesta luta que travo há quase 6 anos contra o AVC, neste longo caminho em busca de uma melhor qualidade de vida.

Continuarão sempre a ser uma ajuda imprescindível para a minha reabilitação, a minha determinação, a minha grande vontade de conseguir novos ganhos, nunca seria suficiente e tão evidente sem o grande trabalho de tão bons profissionais.

Poderei ainda não estar fisicamente como gostaria, mas sei que estou muito melhor psicologicamente, pelo apoio, pela força e pela orientação que colocam à minha disposição, nesta caminhada sem fim há vista, que tenho pela frente.

A todos os fisioterapeutas que têm cruzado o meu caminho, que têm tornado o impossível, mais perto do possível e que jamais esquecerei…

A minha enorme Gratidão!

Anabela Jerónimo Resende

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

#0 Carta para o meu neto


Ser avó é sentir um amor… Para a vida toda!

Hoje a felicidade transborda dentro de mim.

Nasceu um príncipe, o meu príncipe.

O dia de hoje passou a ter um significado diferente para mim, passou a ser um dia muito especial.

O dia em que me tornei avó, o dia em que aquele ser minúsculo e especial transformou a minha vida para sempre.

Não existe palavras para descrever o que sinto neste momento.

Não consigo parar de rir, como não consigo evitar as lágrimas de felicidade.

Ser avó é muito mais do que poderia imaginar!

Anabela Jerónimo Resende

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Desejos ambicionados


Quando desejo alguma coisa, luto por ela, corro o que for preciso, vou até onde for preciso, é o que faço desde sempre, é a minha postura perante a vida.

Actualmente, após sofrer o AVC, tenho lutado para ter uma melhor qualidade de vida, não me tenho conformado, todos os dias tento dar um passo em frente, claro que há dias que ando para trás, mas mesmo assim, não desisto do meu propósito, tenho aprendido muito, o que queria e o que não queria.

Tem sido uma dura batalha, mas tenho enfrentado de cabeça erguida, muitas batalhas só eu posso lutar, pois ninguém o pode fazer por mim, tenho possuído lutas interiores gigantescas, do tamanho de montanhas intransponíveis, mas uma a uma vou tentando ultrapassar, algumas serão para toda a vida, mas o facto de ser consciente da realidade, é uma ajuda para me preparar para tudo o que ainda possa acontecer.

Todos os dias desejo e quero ultrapassar os meus limites, ir mais além, não faço competições com ninguém, eu sei os meus limitas, sei até onde posso chegar, até aonde quero ir, o que faço é para sentir alguma satisfação pessoal e só tem a ver comigo.

Anabela Jerónimo Resende

domingo, 12 de agosto de 2018

Desistir nunca!


É muito mais fácil desistir do que fazer o que me custa imenso, mesmo muito fácil evocar todas as razões que possa ter, para não tentar vezes sem conta o que me é exigido.  

Difícil mesmo é continuar em frente, com as muitas dificuldades acrescidas com que me deparo todos os dias.

Se enfrento obstáculos praticamente diariamente, se praticamente tudo tem uma dimensão gigantesca, porquê que tento sempre ir até ao limite das minhas forças ou ir até mais além?

A resposta é muito simples, porque não sei desistir, porque não faz parte de mim, porque quero sempre mais e melhor, quer seja na minha reabilitação ou em tudo na minha vida.

Mesmo quando possa parecer que não vou a lado nenhum, que estou estagnada, luto continuadamente, porque acredito que desistindo não chego lado nenhum, nem consigo os objectivos que pretendo para mim.

Pode haver dias radiosos em que tudo parece fácil, apesar das complexidades evidentes, os outros dias podem amanhecer cinzentos em que as lágrimas escorrem sem destino, em que tudo é de uma dificuldade inimaginável.

Nem todos os dias são fáceis todo o dia, mas a vontade, a determinação, assim como a esperança vivem sempre no meu coração, todos os momentos dos meus dias.

Anabela Jerónimo Resende

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Nova mudança...


Chegou o tempo de mudar de Clínica de Fisioterapia e esperar que venha mais ao encontro do que procuro agora, que possa oferecer-me em termos de reabilitação aquilo que procuro para a minha evolução.

Às vezes é preciso mudar, para que possa haver uma maior evolução, não só fisicamente, como psicologicamente, que seja mais o que pretendo e que venha de encontro às minhas expectativas de puder ter um melhor e maior desenvolvimento.

Depois de uma semana de mudança, de novas fisioterapeutas, novas experiências, novas vivências, novos estímulos, estou confiante que consiga dar um passo em frente na minha recuperação e como sempre encontro-me motivada para dar o melhor de mim a cada movimento, mesmo que não alcance, nem de perto a perfeição.

No entanto, nem tudo são rosas no meu caminho, pois encontro os espinhos em cada pedacinho do meu percurso, o que pode ser estimulante para mim, pode ser uma grande confusão para o meu cérebro, trazendo para o meu lado direito tamanha confusão, aflorando a minha sensibilidade a ponto de nem dois passos regulares conseguir dar, alterando por completo a minha marcha.

Um passo para a frente, dois passos para trás, dizia-me uma fisioterapeuta que trabalhou comigo no início da minha reabilitação, e é como me sinto agora, que dei dois valentes passos para trás, portanto tento não desanimar, pois o tempo e a experiência têm mostrado que era uma verdade, tenho vivido essa realidade e são períodos difíceis de enfrentar, mas nada mais posso fazer de momento, a não ser trabalhar muito, mesmo com as complicações acrescidas.

Agora resta-me esperar por melhores tempos para dar um novo passo em frente, assim que termine este tempo de confusão interna, e continuar o meu caminho conturbado rumo a minha recuperação.

Anabela Jerónimo Resende

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Residências Montepio, 5 meses de uma luta sem termo...


Hoje ainda sem pressas e um pouco hesitante nos meus passos, mas sempre confiante no futuro e mais forte fisicamente como psicologicamente, continuo a não esquecer e a ser muito grata a quem me recebeu e tratou de mim quando mais precisei.

Lembro-me com carinho de muitos companheiros de luta, principalmente àqueles que fizeram parte da minha vida mais frequentemente, apesar da breve estadia de alguns, como, apesar de a nossa condição não ser a melhor, soubemos nos divertir uns com os outros e o mais importantes, o conforto que dávamos uns aos outros.

No entanto, a minha maior gratidão, durante o meu internamento, vai para a Excelente e Espectacular Terapeuta Ocupacional, com quem aprendi muito com os seus ensinamentos e que me ajudou sempre que precisava.

E para a Grande e Fantástica Fisioterapeuta, que fez muito por mim, mostrando-me que a fisioterapia era um trabalho feito pelas duas, incentivando-me a dar sempre o máximo de mim e que me deu a conhecer a Clinica Saúdis, onde seguiria o meu percurso, ainda não terminado, e que sabe o valor que tem para mim.

Estarão as duas, para sempre no meu coração, pelo que fizeram para que recuperasse o melhor e o possível na altura, e pelos bons momentos que tivemos, por tentarem que fosse menos difícil e mais leve do que era, nunca na minha vida esquecerei.

Foram os 5 meses da minha vida mais difíceis de viver, foi um tempo de transformação, de testar alguns limites e ultrapassar outros, e de recordações sem fim, ainda ao fim de passados tantos anos !

Anabela Jerónimo Resende

domingo, 15 de julho de 2018

Onde andas Verão?


Adoro o verão, sempre adorei o calor, mesmo aqueles dias abrasadores, em que quase não se consegue respirar de tanto calor.

Agora ainda gosto mais desses dias soalheiros, pois desde que sofri o AVC e devido às alterações da sensibilidade que fiquei e como não sinto o calor como devia, estou sempre a sentir um frio incomum, mesmo estando calor.

Imaginam sequer como me tenho sentido com este verão, meio bipolar, meio invernoso?

Aonde anda o meu verão quente, aquele tempo que deixa o meu lado direito com hemiparesia tão descontraído e relaxado?

Que saudades que eu tenho do verdadeiro verão português, que faz as delícias dos portugueses e dos estrangeiros.

Enquanto espero por ti, vai um cafezito nesta tarde de verão invernosa, para aquecer um pouco a alma.

Mas volta depressa verão que preciso de ti e muito!

Anabela Jerónimo Resende

domingo, 8 de julho de 2018

Carta a ti, Vida...


Hoje escrevo para ti Vida…

Será que escutas este meu desabafo doloroso, saudosa do que me roubaste por imposição?

Será que consegues ver no meu sorriso, as lágrimas que brotam dentro de mim, deixando a minha alma dilacerada?

Será que vês o meu coração viver cheio de chagas, não deixando sarar as feridas que ainda não fecharam?

Que posso eu fazer mais para veres a luta que travo todos os dias e dares-me um pouco de tréguas?

O que pretendes mais de mim do que aquilo que já te dei à força de quereres parte da minha vida?

Sabes que sinto o peito tão apertado, por aquilo que sofro, mesmo sem o desejar, que as lágrimas correm livremente, sem as conseguir travar?

Saberás que também me sinto ao mesmo tempo injusta por todos os ganhos que consegui, mas que hoje não estou a conseguir ver a razão para tirares-me aquilo que mais valor tinha para mim?

Ao menos mostra-me que vale a pena esta luta enorme, para eu puder serenar a minha alma e assim conseguir um pouco de paz, para acalmar o meu coração e para as lágrimas cessarem.

Orienta-me, para eu seguir em frente da melhor maneira que conseguir, para continuar sempre dedicada a continuar a atingir sempre o meu melhor.

Pensa, Vida no que te escrevi com carinho e espero ansiosamente a tua resposta às minhas perguntas.

E Vida, lembra-te que  mesmo assim, Adoro Viver!

Anabela Jerónimo Resende

quinta-feira, 28 de junho de 2018

A vida…

Vivo sempre na esperança de encontrar um caminho melhor para seguir, mas não vivemos todos nessa esperança?

A vida é para aqueles que não têm medo de correr riscos, que não ficam parados a vê-la correr.

Porque a vida é somente para aqueles que se atrevem a viver, sem medo de desesperar quando a vida não corra como queremos e ansiamos desesperadamente.

A vida nunca será como planeamos, alguma coisa a transforma para nos transformar.

Nessa altura a mudança chega, e choramos consideravelmente por a vida que perdemos, pela vida que se transformou.

A surpresa trás amargura, tristeza, leva um pouco de quem se perdeu.

Passado o sobressalto aprende-se a viver de novo, abre-se as cortinas para uma vida diferente, mas tão válida.

Basta deixar o sol sorrir de novo, deixar brilhar e acreditar que ainda estamos aqui, diferentes, mas com muita vontade e alegria de viver.

O que parecia impossível, começa aos poucos a parecer mais possível, começamos a ter mais esperança no futuro, que parecia longínquo.

Depositamos um pingo de confiança no futuro, e ao olhar para a frente, mesmo que as lágrimas teimam em cair, seguimos em frente e continuamos a acreditar, mas sabemos que o comando da vida nunca será nosso!


Anabela Jerónimo Resende

terça-feira, 12 de junho de 2018

50 anos – Uma vida


Como o tempo passa, ainda há pouco tempo era uma miúda cheia de sonhos, correndo rumo a um futuro que se abria diante de mim, sempre pronta a enfrentar tudo e todos, sem medos e muitos devaneios à mistura.

No entanto o tempo avançou, bem mais depressa do que senti e quando olho para trás e penso nos 50 anos que passaram, ainda não me sinto essa pessoa, com uma idade, mas não me assusta.

E apesar das limitações que agora tenho, que estão bem visíveis para quem quiser ver, sinto-me ainda tantas vezes aquela miúda que carrega a alma cheia de sonhos, que continua sempre pronta a correr, agora mais no sentido figurado da palavra, para um futuro certo e um pouco incerto. 

Que continua pronta para enfrentar tudo e todos, agora um pouco mais moderada, mas não assim tanto, todavia continua sem medos e ainda com muitos devaneios à mistura, só que actualmente com alguma sensatez, que a idade quer impor.

E assim mais um ano se passou, desta vez fazendo 50 anos, aquela idade que ninguém quer fazer e que eu adoro! 

Anabela Jerónimo Resende


sábado, 9 de junho de 2018

Viajar sozinha…


Viajar de Lisboa a Madrid, sozinha e na minha condição de mobilidade reduzida, tornou-se numa aventura agradável, mesmo estando dependente de assistência para algumas actividades banais, durante a minha viagem na ida e no regresso.

Desde o chek-in até à entrada no avião, fui sempre muito bem acompanhada, pela assistência existente no aeroporto, com funcionários bastante disponíveis e de uma extrema simpatia, tanto no aeroporto de Lisboa, como no aeroporto de Madrid, que tudo fizeram para que o trabalho de assistirem-me fosse o melhor possível.

No regresso, tirando alguns percalços que até tiveram a sua graça, foi tudo igualmente impecável e realmente o que mais me cansava, foram os tempos de espera, que tinha a sensação de serem intermináveis, como é normal nestas ocasiões.

São estes pequenos, grandes gestos para com as pessoas com mobilidade reduzida que fazem toda a diferença na hora de fazer uma viagem de avião, e com um telefonema para a companhia aérea, neste caso, preferi a TAP Portugal, resolvi toda a burocracia inerente.

Assim vale a pena e sabe sempre bem, quando sou tratada com toda a consideração e respeito, por todo o pessoal que tornou a minha curta viagem muito agradável, tanto os assistentes como a tripulação do avião.

Fiquei muito satisfeita comigo própria, por ter conseguido realizar esta proeza e por ter sido suficientemente capaz de embargar nesta aventura sozinha.

Anabela Jerónimo Resende

sábado, 26 de maio de 2018

Prometo…


Valeu a pena, valeu muito a pena!

Que fim de tarde fantástica, que comunicador nato é o escritor Pedro Chagas Freitas, que cativou o seu público com brilhantismo, na Biblioteca Municipal de Setúbal, por duas horas, que passaram muito rapidamente.

A conversa fluía com palavras que dava gosto ouvir, contou histórias pessoais que tinham a ver com o seu percurso até que a escrita começou a fazer parte da sua vida definitivamente.

Falou sobre os seus livros, principalmente sobre o livro Prometo Falhar, que acabou por ser a sua grande rampa de lançamento, quando podia não ser, por ser um livro com um conceito diferente.

Teceu breves palavras sobre o seu último livro Prometo Amar, sem esquecer o livro Prometo Perder, entre tantos outros, que fazem parte do seu espólio, que no entanto são menos conhecidos.

E não faltou no final, tempo para autografar os seus livros, adquiridos previamente e dispensar umas palavras a cada leitor individualizadas em pequenas conversas.

E cá por Setúbal, nós, os seus leitores, ficamos a aguardar uma nova visita, com uma tarde repleta de bom humor e histórias divertidas, já com grande expectativa.

Anabela Jerónimo Resende

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Labilidade Emocional


São poucas as pessoas que sabem o que é ou qual o seu significado, como são só algumas pessoas que sabem como é viver o seu dia-a-dia com Labilidade Emocional, uma instabilidade que quer controlar a vida a quem sofreu um AVC, numa zona especifica do cérebro.

Para quem não sabe, Labilidade Emocional é um descontrole das emoções, que tanto podem ter vontade de chorar, às vezes sem motivo ou podem ter vontade de sorrir descontroladamente ou mesmo ter mudanças de humor repentinas, essas reações são efeitos do AVC.

Eu não queria que assim fosse, mas sou uma das pessoas que ficou a saber como é viver com Labilidade Emocional, como é não ter o controlo total de todas as minhas emoções, como é ficar tão sensível tanto ao nível físico como ao nível psicológico, como é ter vontade de rir sem autocontrole ou como é ter uma vontade louca de chorar descontroladamente.

Ter ficado com Labilidade Emocional, uma das sequelas que o AVC me deixou, sentir que mesmo fazendo o possível, as minhas emoções deambulam dentro de mim, muitas vezes descontroladas, que apesar de aprender algumas estratégias para ter algum controlo, com o passar do tempo, mesmo assim continuo uma boa parte do tempo a sentir que o meu cérebro é que detém o controlo de mim.

E que nem sempre consigo fazer alguma coisa para evitar, são as complicações que não se vêm, mas que são muito complicadas de gerir, que conseguem levar-me ao limite das minhas forças, que tentam destruir-me por dentro, mesmo sem querer.

Como eu, existem outras pessoas que sofrem de Labilidade Emocional e que precisam de compreensão, mesmo que seja difícil de entender!  

Anabela Jerónimo Resende