terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Ajudar

Quando descrevo o que sinto, muitas vezes como estou no momento, com sentimentos profundos, sobre sensações ilusórias, não o faço para terem compaixão de mim.

Faço, para que outras pessoas, assim como eu, que tiveram a fatalidade de sofrerem um AVC na mesma zona, saibam que não estão sozinhas nesta caminhada, que existe alguém a passar pelo mesmo, que sabe perfeitamente o que estão a passar.

Ou porque existem pessoas que não conseguem se exprimir, sentindo-se sós, precisando de alguém para dar a mão, ou porque existe pessoas, que apesar do sentimento muitas vezes ser semelhante, sentem mais dificuldade de reagir, de enfrentar toda uma serie de situações comuns, de ter forças para lutar.

E eu desejo mostrar que apesar de ter sempre um sorriso estampado, também tenho os meus dias negros, que choro, que sofro por dentro tanto como elas, e que é humano assim acontecer.

Todavia gosto mais de mostrar que consigo sorrir, apesar da fatalidade que se abateu sobre mim, que sou mais do que me aconteceu e que decidi ver a vida pelo lado positivo, mesmo quando o meu corpo diz o contrário.

Desejo mostrar, que podemos ter dias tristes, que podemos ter dias fechados dentro de nós, que temos esse direito, mas que vale a pena viver, que vale a pena abraçar o mundo, que vale a pena ajudar quem precisa, que vale a pena mostrar que existe esperança em dias melhores.

Anabela Jerónimo Resende

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Conflitos internos


Por muito que não queira ser apanhada por este tempo desconcertante para o meu corpo, cá estou eu de novo a sofrer as intempéries de um novo inverno, de um tempo perturbador para a minha nova realidade.

A descoordenação do meu corpo, perante tamanho frio, chega a ser desmedida, como se momentaneamente tivesse sido arremessada para outro mundo, ou talvez tenha sido lançada para sempre nesse mundo desconhecido.

A sensação que tenho de ter sido jogada num buraco sem fim, trazendo novas ilusões para este meu novo e inquietante mundo, é uma constante na minha vida, tornando-a intensa, irregular, desequilibrada.

Aprendi, com uma dificuldade inerente, a sair daquela zona que me era tão familiar e de conforto, e a entrar numa zona de turbilhão de sensações e sentimentos, que assaltam a minha mente, trocando tudo o que julgava saber, pelo inesperado e desconhecido.

Actualmente, tudo em mim é tão assoberbado, que chega até a ferir o meu fragilizado corpo, como se andasse num redemoinho e não conseguisse controlá-lo, e pensando bem não controlo mesmo, como se uma parte de mim, o meu corpo não conseguisse identificar.

Tudo é um enorme desafio constante na minha vida hoje em dia, para tudo é preciso uma força enorme, uma energia inabalável, para que com o sopro do vento não desmorone, mesmo naqueles momentos tão banais.

E são nestes momentos em que estou mais frágil, que não posso hesitar, é nestes momentos que tenho que optar por agir, por seguir em frente, sem pensar muito nos conflitos internos  que vão acontecendo no meu mundo de ilusão.

Anabela Jerónimo Resende

sábado, 12 de janeiro de 2019

6 Anos após AVC


Passaram 6 anos, 6 anos de uma luta diária após um AVC Hemorrágico, que mudou indubitavelmente a minha vida.

Com muitos desejos, durante esse tempo, de voltar àquele dia, horas antes do fatídico momento, que a minha vida voltasse a ser o que era, que nada tivesse perdido, por sentir que a minha vida tinha sido roubada, que tinha acabado.

Como estava enganada, não tinha acabado, tinha-se transformado naquele preciso momento, foi tempo de transformação, tempo de aceitação, tempo de voltar a sorrir para a vida.

Hoje em dia já não estou em busca do que vivi, até porque já não faz sentido para mim, vivo sim há procura de mim, de novos desafios, de novas conquistas, de novas maneiras de ser feliz.

A minha determinação em querer sempre seguir em frente, a minha vontade de querer sempre mais, a minha esperança em conseguir alcançar o que ouvia dizer ser impossível, fez-me lutar enquanto ia buscar forças dentro de mim, para prosseguir a minha reabilitação.

Aos poucos vou reconquistando o que perdi, vou reconquistando como posso, como consigo, como me é possível.

Acredito que muitas coisas ainda estão minha à espera, que ainda vou conseguir conquistar o meu maior desejo.

Agradeço, hoje e sempre, a oportunidade de continuar a viver, por ter a oportunidade de continuar a melhorar, por ter a oportunidade de continuar a ser eu mesma!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Ano novo, vida nova


No início de 2019, neste novo ano que agora começa, faço uma reflexão de como foi o ano que terminou para mim e para a recuperação que desesperadamente procurei.

Na reflexão que faço sobre a minha própria recuperação, faço um balanço positivo, pois atingi muitos dos meus objetivos propostos, porém, outros ficaram muito aquém daquilo que esperava, por impossibilidade de diversa ordem ou por não ser o momento certo de acontecerem.

Apesar, de ter sido um ano que decorreu com dias bons e outros menos bons, e nem sempre ocorrerem como desejei e ansiei , considero que os dias bons tiveram muito mais relevo na minha vida, durante ano passado, que os menos bons.

Contudo fico sempre um pouco desapontada comigo mesma, por muitas situações não sucederem como espero, até é natural que aconteça, pois concebo expectativas aonde não devo ter, até porque nem tudo depende só de mim.

Ainda assim, conto com imensos casos relevantes para pensar com optimismo, pequenas coisas que só para mim têm importância, muitas poderia enumerar, no entanto destaco caminhar com mais desenvoltura ou estar mais independente.

Mas houve um facto que considero o ponto alto do meu ano, sem dúvida alguma, foi quando tive a noticia que iria ser avó e mais tarde quando nasceu o meu lindo neto, que encheu o meu coração de imensa felicidade e que remeteu todos os dissabores da minha vida para segundo plano.

Por isso este ano não fiz nenhuma resolução de Ano Novo, nem fiz questão de fazer, pois os melhores factos acontecem sem previsão de tempo ou sem esperarmos.

Só  desejo que tudo flua naturalmente…
Desejo de ser sempre eu mesma…
Desejo de conseguir ser cada vez melhor pessoa…
Desejo que as minhas atitudes possam fazer a diferença de algum modo…
Desejo de ter sempre vontade de agradecer por tudo de bom que me vai acontecendo durante o ano…
Desejo aceitar tudo o que me acontece, mesmo que não compreenda porquê…

Anabela Jerónimo Resende