domingo, 31 de março de 2019

31 de Março - Dia Nacional do Doente com AVC


Hoje assinala-se o Dia Nacional do Doente de AVC, comemorando a vida de quem sobreviveu, comemorando as vidas que se salvaram.

Vários pontos do país, de norte a sul, quiseram assinalar este dia com várias actividades de sensibilização sobre como se pode prevenir um AVC, que serve também para consciencializar a população de que o AVC é real e que pode acontece a qualquer pessoa, em qualquer minuto.

Como Sobrevivente de um AVC Hemorrágico, sei bem o que acarretou para a minha vida, o impacto duro que foi tomar consciência que a vida mudou drasticamente a partir do momento em que sofri o AVC, por isso sei realmente o quando é essencial fazer prevenção, o quanto estou ciente que deixa muitas vezes sequelas incapacitantes para o resto da vida.

Devemos reflectir sobre este dia e sobre o AVC, que continua a ser a principal causa de morte e incapacidade em Portugal e fazer pequenas mudanças na nossa vida, fazer prevenção é um preço mínimo que temos que pagar em comparação à grande factura que se paga por não fazer nada para prevenir, devemos estar cientes de que um AVC é algo realmente grave e que devemos evitar que sucedam muitos mais casos de AVC no futuro!


Anabela Jerónimo Resende

sexta-feira, 22 de março de 2019

Vontade de persistir


Lutar pela minha recuperação, tem sido uma constante na minha vida, tem abrangido muito mais do que o desejo de chegar ao fim desta caminhada, tem exigido força, determinação e muita vontade de persistir.

Conquistar uma meta a que me proponho, requer muito mais do que a minha vontade de alcançá-la, pois tenho que estar disposta a sustentá-la, isso requer toda a minha resistência e firmeza.

Tenho enfrentado a minha própria resistência à dor, os meus medos e os meus próprios desafios, essa tem sido a minha maior luta, o auto conhecimento e o conseguir superar a mim mesma.

Não é um processo fácil, todos os dias encontro obstáculos, felizmente tenho a coragem e a determinação de ultrapassar todas as dificuldades a que estou sujeita, muitas vezes é uma caminhada meio solitária, pois é uma realidade muito própria.

Contudo, sinto-me bem comigo mesma, com muita vontade de não deixar os problemas tomarem conta da minha vida e com muita vontade de persistir.


Anabela Jerónimo Resende

terça-feira, 5 de março de 2019

Adaptação


Ao ter sido apanhada desprevenida pelo AVC, ao ter sido conduzida a uma dependência nunca pensada e muito menos imaginada, vi-me a ser conduzida para um mundo diferente daquele que pensava que iria ser sempre o meu universo.

Apesar de não ser para mim um mundo totalmente desconhecido por fora, no entanto ao ver-me do lado de dentro desse mundo, tive que aprender a adaptar o meu dia-a-dia para que essa dependência fosse diminuindo à medida que ia fazendo a minha recuperação.

Não foi um trabalho fácil de fazer, foi preciso ter muita força, foi preciso ter muita perseverança para conseguir fazer determinadas tarefas, tive que combater muito do cansaço que sentia só por tentar, tive que ir sempre além do cansaço extremo que se apoderava a cada movimento que fazia.

Mas nunca desisti de fazer o queria e o que precisava ou de ser capaz de voltar a fazer as tarefas que anteriormente eram tão fáceis, começando por fazer algumas pequenas tarefas, tentando sempre mais um pouco, o meu limite foi sempre ir fazendo um pouco mais a cada dia.

Nem nunca liguei quando me diziam que não era capaz, que ainda não estava forte o suficiente, sempre decidi por mim, até onde queria ir e até onde podia ir, nunca deixei que me impusessem limites.

E apesar de o meu mundo não ser perfeito, de ainda ter muitos demónios internos, de ainda não estar totalmente recuperada fisicamente, de ainda ter um longo caminho pela frente, de ainda existir muitos factores difíceis no meu dia-a-dia, posso dizer sem qualquer dúvida, que adaptei o meu dia-a-dia o melhor possível, para viver com uma autonomia ao ponto de não necessitar de ajuda constantemente.