Ao ter sido apanhada desprevenida pelo AVC,
ao ter sido conduzida a uma dependência nunca pensada e muito menos imaginada,
vi-me a ser conduzida para um mundo diferente daquele que pensava que iria ser
sempre o meu universo.
Apesar de não ser para mim um mundo
totalmente desconhecido por fora, no entanto ao ver-me do lado de dentro desse mundo,
tive que aprender a adaptar o meu dia-a-dia para que essa dependência fosse
diminuindo à medida que ia fazendo a minha recuperação.
Não foi um trabalho fácil de fazer, foi
preciso ter muita força, foi preciso ter muita perseverança para conseguir
fazer determinadas tarefas, tive que combater muito do cansaço que sentia só
por tentar, tive que ir sempre além do cansaço extremo que se apoderava a cada
movimento que fazia.
Mas nunca desisti de fazer o queria e o que
precisava ou de ser capaz de voltar a fazer as tarefas que anteriormente eram
tão fáceis, começando por fazer algumas pequenas tarefas, tentando sempre mais
um pouco, o meu limite foi sempre ir fazendo um pouco mais a cada dia.
Nem nunca liguei quando me diziam que não era
capaz, que ainda não estava forte o suficiente, sempre decidi por mim, até onde
queria ir e até onde podia ir, nunca deixei que me impusessem limites.
E apesar de o meu mundo não ser perfeito, de ainda
ter muitos demónios internos, de ainda não estar totalmente recuperada
fisicamente, de ainda ter um longo caminho pela frente, de ainda existir muitos
factores difíceis no meu dia-a-dia, posso dizer sem qualquer dúvida, que
adaptei o meu dia-a-dia o melhor possível, para viver com uma autonomia ao
ponto de não necessitar de ajuda constantemente.
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