terça-feira, 5 de março de 2019

Adaptação


Ao ter sido apanhada desprevenida pelo AVC, ao ter sido conduzida a uma dependência nunca pensada e muito menos imaginada, vi-me a ser conduzida para um mundo diferente daquele que pensava que iria ser sempre o meu universo.

Apesar de não ser para mim um mundo totalmente desconhecido por fora, no entanto ao ver-me do lado de dentro desse mundo, tive que aprender a adaptar o meu dia-a-dia para que essa dependência fosse diminuindo à medida que ia fazendo a minha recuperação.

Não foi um trabalho fácil de fazer, foi preciso ter muita força, foi preciso ter muita perseverança para conseguir fazer determinadas tarefas, tive que combater muito do cansaço que sentia só por tentar, tive que ir sempre além do cansaço extremo que se apoderava a cada movimento que fazia.

Mas nunca desisti de fazer o queria e o que precisava ou de ser capaz de voltar a fazer as tarefas que anteriormente eram tão fáceis, começando por fazer algumas pequenas tarefas, tentando sempre mais um pouco, o meu limite foi sempre ir fazendo um pouco mais a cada dia.

Nem nunca liguei quando me diziam que não era capaz, que ainda não estava forte o suficiente, sempre decidi por mim, até onde queria ir e até onde podia ir, nunca deixei que me impusessem limites.

E apesar de o meu mundo não ser perfeito, de ainda ter muitos demónios internos, de ainda não estar totalmente recuperada fisicamente, de ainda ter um longo caminho pela frente, de ainda existir muitos factores difíceis no meu dia-a-dia, posso dizer sem qualquer dúvida, que adaptei o meu dia-a-dia o melhor possível, para viver com uma autonomia ao ponto de não necessitar de ajuda constantemente.



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