quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Caminhos revividos

Da varanda de um quarto, outrora muitas vezes visitado, examino e avisto o caminho quase sem fim, que caminhei vezes sem conta, umas vezes por gosto, outras vezes só por necessidade de caminhar, e os caminhos continuadamente quase iguais, quase inalteráveis.

Mesmo com passos lentos, caminho por colinas e vales que outrora trilhei apressadamente, tudo ao meu redor faz-me lembrar de tempos em que não tinha entraves, em que tudo era plano, ou era eu com a minha ligeireza que não dava conta, da existência das ruas rasgadas e da calçada disforme.

Ao pensar nos caminhos que trilhei, ao pensar nas saudades que tenho desse tempo, lembro-me da forma física que ao caminhar consegui atingir, por vezes era difícil de superar o meu passo apressado.

Como posso pensar esquecer, se as memórias que vivi estão tão presentes em cada canto que passo, em cada esquina que me encontro?
Como posso eu esquecer de tão boas recordações, que estão infiltradas em mim, no meu ser, que fizeram de mim o que sou hoje?

Não quero esquecer… Quero recordar e resplandecer de alegria.

Quero expressar que um dia caminhei por esses caminhos velozmente, quero verbalizar que caminhei por lugares que me concederam boas recordações e que hoje em dia caminho lentamente, por infortúnio da vida, não por minha vontade, por decisão do destino.

Mas as recordações caminham a par e passo comigo, não para me entristecer ou para que eu fique agarrada ao passado, mas para me recordar de quem eu fui e de quem posso, um dia qualquer, voltar a ser.

Anabela Jerónimo Resende

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