Enquanto encontrava-me inteiramente reclusa do meu próprio corpo, conciliar o sono parecia uma tarefa quase impossível, a imagem que demonstrava era que estava sempre sonolenta, no entanto, interiormente os meus sentidos encontravam-se alerta.
Debilitada de corpo e ferida na alma, foi num esforço desmedido que consegui manter-me à superfície, quando sentia ser subjugada para o fundo dum abismo, pois possuía as forças consumidas para contrariar a derrocada, lentamente, nem sei bem de onde compareceram, recomecei a possuir mais energia, deixei de estar tão submissa ao meu lado mais enfraquecido, sentia que alcançava as forças para voltar à vida.
Foi num retorno lento, de passos muito vagarosos, mas muito aguardado por mim, como se estivesse aprisionada no fundo do mar, e a precisar de ar puro a encher os pulmões inflamados, de tão ressequida estar por dentro, que consegui submergir à superfície e começar a encontrar-me de novo.
São lembranças que guardo dentro do meu peito, são lembranças de uma época muito difícil, ainda deveras presente na minha memória, para que eu relembre que tempos muito maus tiveram o seu tempo, para que depois melhores tempos chegassem até mim!
Anabela Jerónimo Resende
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