Ainda estava hospitalizada e já tinha o
destino traçado pelos médicos que me assistiram, que nunca iria andar, por isso
teria que ser dependente de uma cadeira de rodas para sempre.
Só soube do diagnóstico, passados 2 meses de
sofrer o AVC, depois de vir da minha primeira consulta de neurologia, quando
fiz questão de ler todos os relatórios médicos, apesar de terem relutância de
me mostrarem por serem muito negativos em relação há minha recuperação.
Passados tantos anos ainda me lembro tão bem do
que disse depois de acabar de ler os relatórios, virei-me para o meu marido e
disse que não podiam estar a falar sobre mim de certeza, que eu nunca iria
ficar numa cadeira de rodas para sempre e que não me conheciam para afirmarem
sem espaço para dúvidas, que era isso que iria acontecer.
Teimosamente, nesse dia e como em muito
outros dias no futuro, não quis ir à consulta de neurologia de cadeira de rodas, então
lá fui ainda sem nenhuma ortose no meu pé direito e com o apoio de um tripé para
a consulta, para espanto do neurologista.
A minha marcha na altura era péssima, andava meio
encurvada, com uma postura horrível, o meu pé não se mantinha direito, mas fui
mesmo assim e a minha teimosia nunca me deixou desistir e quanto mais eu ouvia
dizer que não iria ser capaz, mais eu me esforçava para conseguir.
Muitas vezes as dúvidas não eram ditas em
palavras, eram ditas com olhares, eram ditas com atitudes, no entanto a minha determinação
perante isso era a mesma, pois desde o início que sempre disse que não iria ficar
dependente de tudo e todos e ainda percorro um longo caminho, cheio de barreiras,
de dificuldades e repletos de complicações, para que isso não aconteça.
Evidentemente tenho conseguido algumas vitórias
que me deixam orgulhosa do esforço que tenho feito e nada nem ninguém vai
conseguir mudar a minha maneira de encarar as dificuldades e as minhas
motivações.
E para sempre é muito tempo quando a minha determinação
é enorme e não fico dependente de outros para alcançar o meu propósito de conseguir
superar as barreiras que tenho de vencer.
Anabela Jerónimo Resende
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